Estranhamente, hoje, alguns que antes se apresentaram como defensores do estilo dizem, não sei se por revelação divina ou por estudos avançados em preconceitos, que não há possibilidade de Deus receber o Kuduro – agora sem aspas – ou o Rap como louvor. Na mesma linha das objeções ao postulado do Isidro, surgiram singularidades que, mesmo defendendo o Kuduro (e o Rap) como cultura, rejeitam sua presença no universo gospel. Pergunta-se: por que esses estilos não poderiam oferecer louvor a Deus?
No Salmo 47, versículo 7, lemos as condições para cantar louvores: “Cantem louvores com harmonia e arte.” Não há, portanto, uma revelação que consagre um estilo específico como o preferido de Deus, muito provavelmente porque tudo o que façamos para Sua glória é digno.
Alguns questionam a condição harmónica do Kuduro e do Rap, muito por conta de suas origens e da liberdade que esses géneros oferecem em termos de construção textual, sem exigir dos seus cultores critérios rígidos de criação, permitindo maior liberdade na expressão de pensamentos e sentimentos. Contudo, apesar dessa abertura, encontramos os chamados “grandes liricistas” em cada um desses estilos (Russo K, Isis Hembe), muitas vezes superiores, em termos de composição, a cultores de estilos instituídos como “clássicos” pelo Ocidente.
Recentemente, o malogrado de boa memória, Papa Francisco, em uma entrevista, reconheceu a importância da Literatura e das Humanidades na formação dos sacerdotes e na vida dos cristãos, exactamente para nos ajudar a compreender o outro e evitar estereótipos.